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5 de fevereiro de 2019O pior inimigo da empresa é a tradição
5 de fevereiro de 2019A gentileza no trabalho melhora o clima, diminui o estresse, eleva a auto-estima da equipe e faz você feliz
Nos corredores de O Boticário, em Curitiba, Paraná, um executivo ajuda um assistente a arrumar a sala para uma reunião, carrega as cadeiras e se mostra disposto a fazer qualquer tarefa, por “menos nobre” que ela seja. O boa-praça é o diretor financeiro da fabricante de cosméticos, Fernando Modé, de 39 anos. “Sou gentil em 360 graus, indiscriminadamente. Se agisse assim apenas com meus chefes, pareceria bajulação, ou se fosse desse modo com alguns da equipe, seria favorecimento” diz. Com tantas pessoas que nem trocam um “bom dia” no elevador do prédio e funcionários se arriscando para ver quem pega primeiro uma vaga no estacionamento das empresas, as atitudes de Fernando são um alívio para os adeptos dos bons modos.
O executivo é daquelas pessoas que não se importam nem um pouco de abrir uma porta para alguém, expressar um sorriso ou se mostrar acolhedoras. “Mas, para que essas coisas funcionem, elas precisam ser espontâneas”, diz Fernando. A gentileza vai muito além de demonstrações de simpatia. “Aqui conta também não se atrasar para uma reunião, por exemplo”, diz Roberto Teixeira da Costa, integrante do conselho de administração de empresas como Sul América Seguros e o do banco Itaú. Ele é autor de Nem Só de Marketing… (Editora Conex), livro sobre a gentileza e a educação nas relações profissionais no Brasil e no exterior.
O próprio Roberto já conviveu com a falsa gentileza no trabalho. “Uma vez, no dia do meu aniversário, recebi de manhã um e-mail de felicitação enviado por um colega. À tarde, o mesmo me ligou, mas não teve a elegância de mencionar o ocorrido, pois foi logo tratando de assuntos burocráticos.” Moral da história: se quiser ser gentil, não mande ou peça para a secretária enviar um e-mail. Faça-o pessoalmente. Mas não pare por aí. Gentileza tem de ser diária. Como sabem os profissionais e consultores de RH, principalmente, a gentileza ajuda na melhoria do clima. Por isso, até singelas demonstrações de simpatia têm seu valor.
Acostumado a lidar com altos executivos, Roberto explica que a
nossa convivência com gente de outras partes do mundo obriga a todos a alterar
maus hábitos culturais . “Tem-se que respeitar horários, a oportunidade
certa para falar, o tempo dos demais, que hoje é muito precioso.” O
diretor-geral da BEA Systems, Marcos Pupo, de 36 anos, do Rio de Janeiro,
acredita que a gentileza nas relações de trabalho são importantes para equilibrar
os desafios do dia-a-dia. “Influencia positivamente no clima
organizacional e aumenta a produtividade de todos, gerando inovação e colaboração”,
diz. Apesar de ocupar uma alta posição, ele retorna todas as ligações, agradece
e-mails e convites e cumprimenta a todos na empresa. Na BEA Systems dizem que
ele não perde uma oportunidade de elogiar um bom trabalho, sempre liga avisando
quando vai chegar tarde para uma reunião e cala para ouvir o que o outro tem a
dizer. “Gosto também de trazer uma pequena lembrança para minha equipe
de suporte (formada por 35 pessoas), como uma caixa de chocolates ou doces,
quando viajo a trabalho.”
Fonte: VOCÊ/AS – Agosto/2007 – Pág. 78.