SABE QUAL É A OPINIÃO MAIS VALORIZADA? AQUELA QUE NÃO É DADA DE GRAÇA. . . (Ou. . . a diferença entre ter “atitude” e meter o bedelho em tudo)

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Sergio Luiz de Jesus

Um dos mantras mais repetidos com relação ao profissional moderno e preparado é a necessidade, dentre outras coisas, de ter “atitude”. Atitude é um item importante, apreciado em processos seletivos, no exercício da liderança, no relacionamento com clientes, em praticamente tudo na empresa. Faz-se avaliações de desempenho baseadas na atitude, remunera-se e premia-se a partir de atitude, enfim, a atitude é uma das palavras da moda corporativa.

Pesquisando um pouco junto a algumas empresas, constatei que existem sinônimos na linguagem corporativa para “atitude”: proatividade, quando se fala em ação individual visando resultados; assertividade, quando se fala em firmeza de posicionamento e opinião (afinal, teimar sobre alguma coisa é visto, em muitos casos, como “atitude”); inovação, quando se quer caracterizar alguém que pensou no que outros não pensaram ou o fez alguma coisa primeiro que eles e marketing pessoal, quando se considera que agir está associado a “causar”, isto é, destacar-se, impressionar e canalizar isso tudo para um objetivo de conquista profissional (pelo menos em tese).

Em todas as definições e sinônimos, sempre estará presente outro elemento: a opinião.

Em meio a tantas possíveis interpretações, gostaria de perguntar ao leitor: afinal, o que é atitude? Do que será que tanto se fala ao mencionar essa palavra? Qual é o ponto de equilíbrio e a definição correta de tudo isso? E qual é a relação entre atitude e opinião?

Antes de mais nada, visando jogar luz sobre a questão, é importante reafirmar que a atitude é efetivamente importante e valorizada no mundo corporativo, pois sem ela os processos simplesmente não evoluiriam. Por outro lado, os desafios profissionais de agora requerem pessoas que consigam tomar decisões, formar conceitos, opinar, convencer, influenciar e trazer resultados consistentes para a empresa.

O grande problema é quando, por falta de orientação, malícia ou confusão conceitual, muitos bons profissionais acabam por misturar o conceito correto de atitude com posicionamentos que não dizem respeito a ela, como intransigência, incoerência, falta de base em fazer afirmações ou dar opinião e busca de destaque ou reconhecimento de maneira indevida.

Em outras palavras: para se ter a atitude corporativa correta, é preciso entender o que atitude significa e imprimir a ela o formato adequado.

Uma definição que nos parece acertada é a seguinte: “Atitude é a forma com que um profissional se posiciona sobre temas que são de sua esfera de alçada ou domínio, de tal forma que, por conta de seus conhecimentos, argumentos, experiência e visão, possa emitir conceitos e opiniões fundamentadas e coerentes, capazes de influenciar os que o cercam no rumo de uma visão mais aprofundada, detalhada e rica e, como conseqüência, apoiando a tomada de importantes decisões no âmbito corporativo e empresarial”.

Por esse raciocínio, fica claro que ter atitude não é sair pelos departamentos da empresa falando pelos cotovelos, causando interferências, opinando sobre o que não se conhece e com isso, criando problemas para todos. Adicionalmente, não é “causar”, mas influenciar. Nem buscar destaque de forma equivocada, à custa de pseudo diferenciações que apenas denigrem a própria imagem. Atitude é uma expressão de maturidade profissional, de reflexão sobre pontos importantes e de formulação de opiniões consistentes e sólidas, baseadas em experiência comprovada e em fatos claros e concretos.

Tenho observado nos últimos tempos, ao participar, como consultor, de reuniões de planejamento, de treinamentos ou de sessões de coaching com líderes, que existe uma espécie de febre corporativa, cujo sintoma principal é uma tremenda ansiedade por emitir opiniões, firmar posições, discutir conceitos e não arredar pé com facilidade. Muitos profissionais, ao empacarem em alguma idéia que julgam ser importante defender, acreditam piamente que serão valorizados por ter “atitude”, por defenderem pontos de vista com energia, julgando que isso é admirável e granjeará respeito profissional.

Ledo engano! Os tempos atuais requerem firmeza e energia, é fato, mas mais ainda flexibilidade, rápida capacidade de ampliar paradigmas e horizontes, bem como inverter a cultura do individualismo pelo verdadeiro trabalho em equipe. Além disso, a velocidade dos processos requer uma preparação prévia cada vez mais rígida, conhecimentos cada vez mais profundos sobre os diversos campos de trabalho e uma disciplina crescente em ler, estudar, informar-se, desenvolver a curiosidade sobre como as coisas funcionam e ter nisso uma sólida base para exercer influência e fazer a diferença.

Se você anda confundindo as coisas, talvez seja hora de rever suas idéias. Opine, participe, exponha seus conceitos, mas faça-o de modo a acrescentar, com serenidade. Se com isso você for capaz de exercer uma influência positiva, ótimo. Mas se notar que suas opiniões o isolam, são motivo de desagregação e contendas em sua equipe, é melhor trabalhar mais seus fundamentos e ficar de bico calado.

Não confunda a atitude tão necessária e valorizada no campo profissional, com manifestações opinativas sem base e fundamento, que tem apenas o poder de irritar, gerar perda tempo, dividir e criar confusão. Não custa lembrar: a opinião mais valorizada é aquela que não é dada de graça.

Pense nisso, faça uma análise. E tenha a atitude correta em seu trabalho.

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