As empresas precisam de um novo tipo de líder!
5 de fevereiro de 2019Estratégias contra-revolucionárias para líderes de mercado
5 de fevereiro de 2019Carreira é nova e requer profissionais com capacidade de planejamento e gerenciamento de recursos
Amanhã e terça, Michael Termini, titular da cadeira de gerenciamento de projetos do The Management Institute da Robins School of Business, um tradicional centro de formação de executivos de negócios da University of Richomnd (Virgínia, EUA), ministra a brasileiros, em São Paulo, um seminário sobre Gerenciamento de Projetos.
Todos os participantes receberão certificado da universidade americana. A vinda de expoentes americanos ao Brasil não se dá por acaso. A carreira de gerente de projetos no Brasil tem ganho destaque. Estudiosos da área dizem que essa carreira se expande à medida em que as organizações buscam mais excelência em seus projetos, ainda mais em um ambiente de competição, trazido pela globalização. Na área de tecnologia, por exemplo, estudos mostram que 70% dos projetos não atingem prazo e orçamento dentro da especificação do cliente. Desse total, 50% superam em dobro o prazo e os recursos.
André Barcaui, diretor de Desenvolvimento Profissional do PMI-Rio, também diretor da ESI Internacional, provedora de treinamento na área, e professor MBA em Gerência de Projetos da Fundação Getúlio Vargas e da faculdade de Economia da Universidade de São Paulo diz que há uma demanda aquecida por gestores de projetos no Brasil. Tanto que várias empresas de tecnologia, telefonia e energia já criaram essa função em seus quadros. “Um profissional júnior pode ganhar cerca de R$ 4 mil numa multinacional, um sênior pode chegar ao salário entre R$ 15 mil e 20 mil.”
Barcaui ressalta também que também cresce a busca por terceirização de gerenciamento de projetos, o que impulsiona a demanda por esses profissionais em empresas prestadoras desses serviços como HP, IBM, Lucent, Nortel.
Carência – O diretor de Recursos Humanos da Brasil Telecom, Carlos Geraldo Magalhães, endossa a opinião. “Há uma carência muito grande de gerentes de projetos bem preparados.” Para o executivo, o ano de 2003 deve registrar o aquecimento desse mercado, uma vez que vários setores, como de telefonia e bancário, “estão em plena fase de consolidação”, marcado por fusões, o que requer projetos não só de integração de sistemas como de lançamento de produtos.
Barcaui concorda e cita os altos investimentos esperados no setor de óleo e gás, com as perfurações previstas pela Petrobrás, como influenciadores da alta demanda. “A área de engenharia civil e elétrica está aquecida.” A caçadora de talentos Irene Azevedo, da Mariaca Associates, reforça: “A habilidade em saber medir os resultados é muito requisitada hoje. Cada vez mais as empresas estão trabalhando por projetos.”
O vice-presidente do PMI, seção Rio de Janeiro, Luiz Henrique Gomes de Souza, na área há dez anos, lembra aos interessados em buscar a certificação, que a metodologia é utilizada em 100 países e deve servir como referência, adaptada a cada área. Para obtê-la é preciso ter experiência mínima e fazer uma prova com 80 questões. “O mercado já reconhece bem a certificação”, diz. Segundo ele, quem a detém conquista salários melhores.
O gerente de projetos da Lucent Technologies Paulo Ferrucio, com passagem pela IBM e HP e a coordenação de 30 projetos no currículo, não trabalha menos de 12 horas por dia. Devora livros sobre a área e tem estudado sobre relacionamento e conflitos em equipe, fatores que ele acredita serem tão ou mais importantes que o conhecimento técnico para um bom gerente. Ele diz que o trabalho é muito dinâmico. “Um projeto requer planejamento, controle, gerenciamento, integração, recursos, objetivos e plano de custos.”
Um exemplo de uma situação delicada: faltavam alguns dias para o carnaval de 2001, prazo em que Ferrucio deveria concluir a instalação de uma rede ótica, ligando várias capitais do Nordeste, com um cabo de 8 mil quilômetros, serviço encomendado por uma operadora de telefonia para expandir sua atuação.
O tempo estava apertado e um acidente deu mais adrenalina à história. “Uma placa instalada no Estado do Tocantins rompeu e não tinha sobressalente. Mandar uma placa por via terrestre demoraria dias”, conta. A solução teve de ser rápida. “Decidi contratar um helicóptero, na época ao custo de R$ 8,5 mil, para leva-la até o local.” Deu certo. “No primeiro dia útil após o carnaval, havia uma estação repetidora do sinal, a cada cem metros do trecho, como previsto.” É assim a rotina nessa profissão.
Fonte: Jornal O Estado de São Paulo – Caderno Classificados pg Ce1, 13 de Abril de 2003