A Evolução do Perfil do Executivo nos últimos 30 anos
5 de fevereiro de 2019Entrevista com Alvin Toffler
5 de fevereiro de 2019Os bruxos e suas bruxarias
Eles escreveram boa parte da historia da gestão nas ultimas décadas.
Foram celebrados, seguidos e desafiados por críticos, pelos fatos e pelo tempo.
Os gurus são e provavelmente serão por alguns anos uma espécie de instituição
corporativa, um refúgio onde empresários e executivos cada vez mais
intranqüilos buscam respostas para questões cada vez mais difíceis.
W. Edwards Deming
Pode-se dizer que a trajetória do americano W. Edwards Deming é oposta a da
maioria dos gurus de negócios contemporâneos. Ele se tornou popular quase 30
anos após desenvolver suas idéias, quando já era um octogenário e colecionava
resultados notáveis ao emprega-las em grandes empresas. Deming desembarcou no
Japão no começo dos anos 50 como um estatístico convocado para colaborar com o
senso demográfico japonês. Mas empresas como a Toyota rapidamente viram em suas
idéias uma poderosa arma para tornar a produção enxuta – uma questão de
sobrevivência, num país com recursos escassos que se recuperava da derrota na
Segunda Guerra Mundial. Deming, então, tornou-se o americano mais venerado no
país. Condecorado pelo imperador Hiroito, ele deu nome ao principal prêmio de
qualidade do país, o Deming Prize.
As empresas nos Estados Unidos só descobriram quem estava por trás da ameaça
japonesa a seus negócios no fim dos anos 70. Os executivos americanos, que
visitavam o Japão tentando entender o que estava acontecendo, perguntavam a
seus colegas japoneses o segredo do sucesso. A resposta costumava ser uma única
palavra: “Deming”. Até então um ilustre desconhecido em seu país, Deming lofo
se tornou uma celebridade nacional ao participar do programa 60 Minutes, da
rede NBC. Levado ao ar em junho de 1980 com o título Se o Japão pode, por que
nós não podemos?, o programa fazia a apologia do Total Control Management
(TQM), que ele criara. Foi o começo da virada para as empresas americanas na
competição com as japonesas e a consagração da qualidade total como o conceito
de gestão mais influente da década de 80.
Tom Peters
Tom Peters foi o primeiro de uma serie de teóricos da gestão que descobriram
uma mina de ouro ao produzir e vender idéias para executivos de todo o mundo.
Em meados de 1982, ele e um colega consultor da McKinsey, Robert Waterman, publicaram
In Search of Excellence (editado no Brasil com o título Vencendo a crise), cuja
mensagem principal contém o mesmo artifício de inúmeros gurus que sucederam a
ele: os oito princípios básicos que distinguem as empresas bem-sucedidas das
fracassadas. O livro vendeu mais de 5 milhões de exemplares e fez a fortuna de
seus autores. Alguns anos depois, o próprio Peters contradisse grande parte de
suas premissas. Atualmente ele é um dos mais contestados e polêmicos gurus. Há
quem diga que ganhou dinheiro vendendo mais a si mesmo do que boas idéias.
Talvez dessa experiência ele tenha tirado o conteúdo para vender outro
conceito: a marca chamada você.
Michael Hammer
A reengenharia foi o primeiro grande modismo gerencial dos anos 90, marcado
pela publicação do livro Reengenharia: Revolucionando a empresa, de Michael
Hammer em parceria com James Champy. O fato é que o grande legado da teoria de
Hammer foram milhares de demissões pelo quatro cantos do mundo. A empresa
americana de pesquisas CSC Index calculou que as iniciativas de reengenharia
resultaram, em média, em 282 demissões nos Estados Unidos, o equivalente a 22%
do pessoal envolvido em cada reorganização. No fim de 1994, Hammer reconheceu
que muitas tentativas de reengenharia naufragaram em parte porque ele mesmo não
previu os efeitos colaterais do que pregava. Mas também, segundo Hammer, porque
muitos tomaram indevidamente sua teoria pelo simples corte de pessoal.
Peter Senge
O americano Peter Senge se estabeleceu como uma espécie de profeta da organização
voltado ao aprendizado. Chefe do centro de aprendizado organizacional do
Instituo de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e auto de A Quinta Disciplina,
montou um centro de pesquisa em 1990, patrocinado por 18 empresas, como
AT&T e Motorola. Cada uma paga algo como 80 mil dólares por ano para
experimentar idéias que poderiam ajuda-las a aprender.
Michael Porter
O americano Michael Porter é um dos mais conceituados gurus de estratégia. Suas
reflexões se mostraram convincentes para a maior parte da liderança empresarial
do mundo todo. Porter, professor da Harvard Business School, publicou seu
primeiro livro em meados dos anos 80, Estratégia Competitiva: Técnicas para
Análise de Indústrias e Concorrência. A obra está na 53ª edição e já foi
traduzida para 17 idiomas. Os fragmentos desta e de outras obras de Porter
foram, por muitos anos, leitura obrigatória no primeiro ano do curso de MBA de
Harvard.
C. K. Pralahad
& Gary Hamel
O americano Gary Hamel, professor da London Business School, e o indiano C. K. Pralahad,
da Universidade de Michigan, escreveram um dos mais influentes livros de meados
da década de 90. Em Competindo pelo Futuro, os dois cunharam um dos termos que
viraram moda no mundo das administrações: as competências essenciais. Segundo
os autores, essas competências são as características que diferenciam
determinadas empresas do mercado.
Jim Collins
O americano Jim Collins ganhou fama repentina ao mostrar o caminho para a
construção de uma empresa grande e duradoura, em Feitas para Durar, publicado
em 1997. O livro permaneceu na lista dos mais vendidos da revista Business Week
por mais de quatro anos. Reza a lenda que o sucesso súbito causou a expulsão de
Collins da cadeira de professor da escola de negócios da Universidade Stanford.
Seu segundo título, Good to Great (traduzido para o português como Empresas
feitas para vencer), resultou de uma pesquisa de 5 anos em que foram analisadas
1435 empresas que figuram na lista das 500 maiores da revista Fortune de 1965
até 2000. Somente 11 sustentaram, por mais de 15 anos, um crescimento acima do
alcançado pela GE, cujo valor aumentou 2,4 vezes mais que a média do mercado no
período de 1981 a 1995. Todas tiveram o que Collins classificou como líder
nível 5, um gestor que estaria no topo da pirâmide da excelência em gestão.
Masaaki Imai
O japonês Masaaki Imai é considerado o pai da filosofia kaisen, uma das
principais do modelo de gestão que se desenvolveu no Japão na década de 70.
Segundo essa concepção, somente a melhoria continua livraria as empresas da
estagnação. A pregação de Imai aconteceu nos anos 80, sobretudo fora da Ásia.
Sua empresa de consultoria, The Cambridge Corporation, converteu executivos de
companhias como Xerox e IBM ao kaisen nos Estados Unidos, Europa e na Oceania.
Kaouru Ishikawa
É o criador do conceito dos círculos de controle de qualidade, que se tornou
popular pela sigla CCQ na década de 80. Defendia a idéia de que a qualidade
começa com a educação. Acreditava também que não é possível impor procedimentos
a alguém sem antes se dedicar a ensinar como realiza-los bem.
Eliyahu Goldratt
O físico israelense ganhou fama em todo o mundo com A Meta, nos anos 80, O
livro expunha a teoria das restrições – cujo centro é o estudo de causa e
efeito das etapas de produção de uma empresa. Jack Welch, o lendário ex-CEO da
GE, faz uma referência especial a ele em sua recém-lançada autobiografia. Em
outubro de 2000, Goldratt lançou sua obra mais recente, Necessary but not
Suficient (Necessário, mas não suficiente). Dessa vez a teoria das restrições
deixa de lado a produção para se concentrar no uso da tecnologia nas
corporações.
Fonte:
Exame de 15 de maio de 2003 – pgs. 80 a 84