Chefes autoritários
5 de fevereiro de 2019
Gerentes centralizadores
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Provavelmente dentre todos os avanços necessários para que as organizações alcancem seus objetivos de produtividade, atualização tecnológica e compreensão das necessidades do consumidor, o maior deles diz respeito ao gerenciamento dos recursos humanos que compõem o processo.

Não adianta adotar novos sistemas, informatizar, empregar o que há de mais moderno em termos de meios de produção, se as pessoas que devem operar tais meios não estiverem devidamente dispostas e orientadas ao objetivo.

Em que pese as afirmações óbvias contidas acima, ainda não se chegou a um estágio satisfatório no Brasil com relação ao assunto.

Creio que as razões são basicamente as seguintes: a) o baixo grau de formação do trabalhador brasileiro, o que pressupõe uma série de dificuldades de compreensão e autonomia operacional, complicando o gerenciamento efetivo de suas capacidades; b) a tradição colonialista que ainda carregamos sobre os ombros, que determina o estabelecimento de relações pontilhadas de autoritarismo, emocionalismo inobjetivo e excesso de apoio na figura do líder; c) a resistência, ainda inexplicável do ponto de vista administrativo, que muitas empresas tem com relação ao treinamento e desenvolvimento profissional de seus colaboradores.

As soluções, ainda que igualmente óbvias, precisam adquirir um enfoque baseado na própria necessidade de sobrevivência das empresas (até por que não há meio termo: ou a empresa se desenvolve e prospera, ou será candidata à fusão ou incorporação dentro de pouco tempo): a) a necessidade de formar líderes capazes de gerenciar de forma objetiva, construtiva, com visão de resultados, capacidade de lidar com o trabalhador brasileiro do jeito que ele se apresenta e enfoque profissional de fato; b) a necessidade de formar profissionais devidamente atualizados, com conhecimento não apenas técnico, mas suplementado por noções de cidadania, cooperativismo, trabalho em equipe e resultados.

Os críticos automaticamente citarão as carências do sistema oficial de ensino, que deveria ao menos fornecer alternativas mínimas aos estudantes, de modo que estivessem mais próximos da realidade empresarial. Trata-se de uma verdade, porém é uma posição cômoda esperar providências do governo.

O Brasil, a curto prazo, só encontrará soluções efetivas quanto à melhoria da qualidade de seus recursos humanos e daqueles que os gerenciam, se as empresas que pretendem continuar existindo e competindo no mercado dedicarem parcela expressiva de seus investimentos na qualidade de seus trabalhadores. Aliás, não podemos deixar de citar o exemplo de alguns países que em poucos anos conseguiram tais resultados. Apesar das providências governamentais, o enfoque na formação dos estudantes coreanos, japoneses e, mais recentemente, chineses, tem sido determinado pelas empresas, não pelos burocratas da educação. E nisso o Brasil está equiparado aos países ora citados, pois quando do início desses movimentos na Ásia, os trabalhadores de lá eram tão ou até mais despreparados do que seus equivalentes brasileiros. A diferença é que eles tomaram providências. Nós, por enquanto, não passamos das intenções.

Citamos acima o peso da herança colonialista. Pois tal herança não tem reflexos apenas na forma de gerenciar pessoas. Seus reflexos também se estendem à mentalidade de muitos empresários. No Brasil, infelizmente, as empresas podem até quebrar, mas o empresário enriquece a cada ano, tal como o senhor de engenho do século XVIII, embora às portas do século XXI.

Salvo poucas e raras exceções, enquanto tais problemas perdurarem, não conseguiremos sair do estágio de país do futuro que, entra ano, sai ano, vive apenas de ilusões e promessas de um futuro brilhante.

Gerenciar pessoas, portanto é um desafio que começa pela própria mentalidade dos empresários que desejam sobreviver como tal. Os que acordaram para essa realidade, investindo em treinamento, na formação de seus líderes e até mesmo na formação de cidadãos melhores, não se arrependeram.

Sergio Luiz de Jesus

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