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Empresas apostam em programas de qualidade de vida e de trabalho para manter seus colaboradores saudáveis

Já foi o tempo em que uma pausa para o cafezinho era só mo­tivo de descontração e bate-papo nas grandes corporações. Agora, cafezinho à parte, o que se deseja mesmo é que o trabalhador dedi­que alguns minutos do dia a se espreguiçar e fazer uma sequên­cia rápida de exercícios que visam prevenir e até reduzir problemas decorrentes de movimentos repe­titivos, por exemplo. A atividade feita no local de trabalho, tem o objetivo de melhorar a saúde física do empregado.

Nos últimos tempos, algumas empresas têm levado esse esforço realmente a sério. É o caso da Accor – grupo mundial que atua em diversos segmentos, como hote­laria, alimentação e gestão das pessoas. O primeiro passo do programa de saúde da empresa começa pela educação para a necessidade de praticar atividade física e se alimentar corretamente. Em um ano, já realizaram 93 mil ações de treinamento, que envolveram praticamente todos os 31 mil funcionários da empresa no Brasil.

Luiz Edmundo Prestes Rosa, diretor de Recursos Humanos da empresa para a América Latina, acredita que, promover a qualidade de vida dos funcionários co­meça com ações preventivas que terão impacto no desempenho futuro. Para ele, não basta manter atividades de ginástica laboral ou as chamadas salas de descom­pressão para relaxamento no ambiente de trabalho, além de parcerias com aca­demias e quadras esportivas. “Nos últi­mos dez anos, por exemplo, fazemos pela internet uma vez por ano uma pesquisa com todos os funcionários. Eles respon­dem até questões sobre o relacionamento com seus chefes”, diz.

Prestes Rosa afirma que as respostas servem como parâmetro para a realização de ações multidisciplinares dentro e fora do horário de expediente – que, muitas vezes, se estendem aos familiares desses profissionais. “Não podemos ser hipócri­tas em ter uma postura empresarial com­petitiva desenfreada e manter ao mesmo tempo programas de qualidade de vida. A ideia é quebrar as barreiras entre as chefias e os demais funcionários, porque é fundamental que o ambiente corpora­tivo seja agradável”, diz.

Sem barreiras

Foi por isso que a empresa derrubou lite­ralmente todas as divisórias entre os de­partamentos. “A ideia é ter uma política de portas abertas com os gerentes, criando uma relação de confiança com os subor­dinados. Esse trabalho a longo prazo gera resultados que refletem positivamente na saúde psicológica e física do profissional”. Um dos resultados mensuráveis, de acordo com o diretor, foi a diminuição em 20% da utilização dos planos médicos.

A gerente de benefícios e proteção à saúde da empresa, a advogada Catarina Jacob, explica que, além de um ambiente menos hierarquizado, os funcionários têm à disposição uma equipe multidisciplinar com médicos, nutricionistas, psicólogos e fisioterapeutas, entre outros profissionais, com atendimento presencial e online. Uma das ações criadas é o Programa Viva Me­lhor – que possibilita uma segunda opinião em casos em que há indicação de cirurgia para o funcionário. “Com esse trabalho, fo­ram evitadas 27 operações invasivas – que acabaram sendo substituídas por outras terapias”, explica.

Uma empresa que também se orgulha dos benefícios oferecidos aos funcionários é o Banco Real/ABN Amro. Considerado o banco mais verde do país – justamente por sua política de sustentabilidade e respeito ao meio ambiente – o Real, investiu no ano passado mais 1,5 milhão de reais para pagar até 50% da mensalidade das academias freqüentadas pelos funcionários. A idéia é colocar todo mundo para malhar. Já são mais de 3 mil colaboradores se exercitan­do pelo país.

A Natura, empresa genuinamente bra­sileira, também oferece mais benefícios na área de saúde do que os previstos na lei. Além da ginástica laboral – realizada três vezes ao dia na área da fábrica (pois os funcionários manipulam muitos produtos) e duas vezes por semana na área adminis­trativa – a empresa também desenvolveu um projeto de ergonomia em 1998. A em­presa de cosméticos também oferece apoio e tratamento para dependência química, berçário, ambulatório com especialidades como dermatologia, fisioterapia e fonoau­diologia, programas para gestantes e de saúde do homem e da mulher.

Primeiros passos

Quem ainda não tem, já pensa em bolar seu programa de qualidade de vida do traba­lhador. Esse é o caso da Braskem, há cinco anos no segmento petroquímico brasileiro. A companhia está criando um Programa de Qualidade, Vida e Trabalho para ser im­plementado a partir do ano que vem em suas plantas nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia e Alagoas – que contam com 3,5 mil profissionais. Segundo a diretora da área de Segurança, Saúde e Meio Ambiente, Carla Maria Pires Rangel, o objetivo com isso é unificar as ações em todas as 14 unidades do grupo, respeitan­do as peculiaridades de cada região.

“Hoje mantemos de maneira uniforme atividades de ginástica laboral e avaliação anual de risco cardiológico dos funcioná­rios, além do processo de implantação do programa de ergonomia, iniciado há dois anos, em fase mais adiantada na área admi­nistrativa”, diz a executiva. Outras ações são realizadas de forma pontual, como o funcionamento de uma academia de gi­nástica em uma das plantas baianas e a manutenção de clubes de corridas, em Ala­goas, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Carla explica que essas ações, que estão dando certo, deverão ser multiplicadas na empresa. “No ano passado, fizemos uma pesquisa de avaliação com os colaborado­res e obtivemos informações importantes, que vão nos auxiliar nas próximas etapas”. Entre as solicitações dos profissionais, está a necessidade da continuação de melho­rias na área ergonômica.

“Outro ponto interessante foi a preocupa­ção dos funcionários sobre como abordar o tema alcoolismo e consumo de drogas na família”, afirma a diretora. Segundo Carla, essas demandas deverão ser tratadas pela Braskem de forma contínua e será dado destaque à saúde. “Faremos campanhas preventivas da saúde da gestante, com re­lação a precauções contra contaminações químicas e câncer, entre outras”.

De acordo com a diretora, espera-se que o programa resulte no aumento de moti­vação dos funcionários, da produtividade e, ao mesmo tempo, reduza os custos com a assistência médica.

“Quando os trabalhadores verificam que contribuem para a empresa e se sentem reconhecidos no ambiente organizacional, na forma de benefícios, compensação fi­nanceira, melhoria de relacionamento com a liderança e desenvolvimento da carreira, o resultado só tende a ser positivo”, diz.

O desafio será qualificar o estilo de vida dos profissionais dentro e fora do ambiente corporativo. “A empresa vai oferecer opor­tunidade, mas se a pessoa não se conscientizar que depende dela a iniciativa de mudar, esse trabalho não terá resultados”.

Não é só bondade

Segundo Aizenaque Grimaldi de Carvalho, presidente da Associação Paulista de Medicina de Trabalho (APMT), a tendência de as empresas criarem programas para preservar a saúde de seus empregados é mais reativa do que natural. A razão que as motiva é estimular, no funcionário, a consciência de que é importante cuidar da saúde. Como resultado, os ‘ empregados se tornam mais produtivos e adoecem menos. O custo com problemas de saúde também se reduz. Vale lembrar que as doenças mais comuns do trabalhador são as originadas por movimentos rápidos e repetitivos, além de diabetes, hipertensão, tabagismo e obesidade. “Um dos benefícios da ginástica laboral, que começou com força no Brasil há pouco menos de uma década, é proporcionar o autoconhecimento do corpo e despertar o interesse pela atividade física”, explica. Ele comenta que as mulheres são as principais beneficiadas com esses intervalos durante o dia, pois sofrem muitas alterações hormonais por conta da menstruação. “Algumas retêm mais líquido, ficam irritadas e muito sensíveis a cada mês”, fala o médico. Portanto, essa quebra da rotina em momentos específicos do dia pode será oportunidade de aliviar o estresse.

Nas terras do Tio Sam…

Dar um dinheirinho a quem precisa perder peso pode ser um belo incentivo para diminuir as medidas. Pelo menos foi a conclusão de Eric Finkelstein, do centro de pesquisas RTI International Scientific Research & Development, na Carolina do Norte. O pesquisador avaliou três grupos de pessoas acima do peso. O primeiro recebeu 14 dólares; o segundo, sete dólares; o último grupo, nada ganhou. Sabe quem mais emagreceu? Os voluntários que receberam mais dinheiro. A pesquisa, cujo resultado foi divulgado no jornal da área de saúde ocupacional, mostrou que, para as empresas americanas, pode ser vantajoso oferecer algum incentivo financeiro aos funcionários acima do peso. Tudo porque nos Estados Unidos a obesidade é uma doença que atinge 64% dos adultos. Por conta disso, as empresas acabam gastando milhares de dólares por ano em decorrência do absenteísmo e das doenças que atingem o trabalhador com sobrepeso.

Fonte: REVISTA VIDA EXECUTIVA – Ano 4 Nº 41 – Pág. 46 a 49.

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