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Sergio Luiz de Jesus

São dados estarrecedores. Segundo o SEBRAE, de cada 10 pequenas empresas abertas no Brasil, apenas 2 sobrevivem até o quinto ano de vida. Trata-se de uma mortalidade superior a 80%, preocupante, pelo fato de que, no Brasil, de cada 10 empregos, 6 ou 7 são oriundos das micro e pequenas empresas.

Todos sabem a importância das pequenas empresas na economia, principalmente num país onde tudo está por fazer. Aliás, essa importância não é uma exclusividade nacional. Basta mencionar que, na Itália, metade das exportações (algo como US$ 110 bilhões) são geradas por micro e pequenas empresas.

É claro que nem toda a culpa é dos pequenos empresários. A pesadíssima carga de impostos, a falta de crédito, os juros abusivos, as mudanças repentinas no cenário econômico, bem como a queda na renda do trabalhador também fazem suas vítimas. Mas, neste caso, não se pode jogar toda a culpa na “crise”.

Algo está seriamente errado. Por que tantas empresas quebram?

As razões podem ser muito diversas, mas talvez algumas causas mereçam destaques por parecerem bem comuns:

1 – A falta de conhecimentos e cultura corporativa do candidato a empresário

Grande parte dos candidatos a empresário acha que, para montar uma empresa, basta escolher um produto a produzir ou vender, abrir uma fábrica ou ponto comercial, providenciar o estoque e começar a vender. Aspectos como pesquisa de mercado, mapeamento das circunvizinhanças para identificação de carências e necessidades, checagem dos concorrentes, verificação de potenciais de crescimento e risco, busca de diferenciais em produtos e serviços são ignorados. Internamente, o descontrole de gastos, a ineficiência administrativa, a falta de gestão, inclusive de pessoas, também contribui para o desastre.

2 – Incompetência para se relacionar com o mercado, fidelizar clientes e expandir negócios

Em grande parte das empresas (não só as pequenas) ainda prevalece um posicionamento medieval no trato com o público. Os serviços ao cliente são ignorados, as falhas de atendimento são encobertas por montanhas de desculpas e justificativas, desejos e expectativas individuais dos clientes não têm o menor valor e não há capacidade para reconhecer, identificar e praticar o negócio de forma particular, calorosa, afetiva e relacional.

Muitos empresários agem como se fosse obrigação do público comprar de suas empresas. São grosseiros, arrogantes, desinformados e esquecem que o sucesso de uma empresa está ligado à qualidade de relacionamento e de serviços.

3- A falta de estratégia, que impede ao empresário enxergar a empresa como um todo, não apenas os tão almejados lucros de curto prazo.

É interessante observar quantos empresários querem ganhar tudo de uma só vez e acabam ficando sem nada! Uma empresa tem um ciclo de vida, que se inicia  quando ela se torna especial e diferenciada. Quando ela amadurece, é hora de renovar, de expandir-se, de buscar qualidade de produtos e serviços inovadora, de contar, em seus quadros, com pessoas interessadas e participativas em seu sucesso. Após já estar consolidada, é hora de crescer, de abrir filiais, de trazer novidades, de enxergar nichos de mercado nunca dantes explorados.

Porém, a realidade é bem outra. O empresário contrata pessoas despreparadas, para pagar pouco. Muitas vezes, vende produtos de má qualidade, para competir em preços por não conseguir controlar seus gastos. Não investe em serviços, pois não enxerga o valor que eles agregam. Não demonstra interesse em aperfeiçoar a gestão (é impressionante a quantidade de empresas que nem sequer utilizam um computador!) Propaganda e publicidade se resumem ao velho carro de som (que, aliás, ninguém mais suporta) ou os malfadados folhetos de “distribuição interna”.

Há esperança? – É claro, até porque sem as micro e pequenas empresas o Brasil não se desenvolve. Mas algumas medidas precisam ser tomadas, não só pelo governo, mas também por aqueles que querem se tornar empresários. Entre elas:

  1. Prepare-se, vá estudar, faça cursos, procure conhecer um mínimo sobre gestão, mercado, marketing e administração financeira. Não confie apenas em seu tino comercial, pois talento sem disciplina de pouco vale.
  2. Monte uma forte estratégia de relacionamento com cada cliente, do pequeno ao grande. Invista em serviços ao cliente, tornando cada compra um motivo de satisfação, não um peso em que, além de aturar má educação e indiferença, o cliente ainda vai ter que pagar.
  3. Veja seus funcionários com outros olhos. Eles podem garantir sua empresa ou arruína-la. Pagar pouco para lucrar mais é um pensamento arcaico e atrasado. O ideal é pagar o que é justo, premiando os melhores desempenhos, para motivar a que todos façam o melhor de si.
  4. Se tiver dificuldades, busque ajuda. Em geral as Associações Comerciais, as unidades do SEBRAE, os sindicatos e mesmo consultores independentes podem auxiliar com informações, idéias, sugestões e diagnósticos para correção dos rumos de sua empresa.

Se você pensa em montar uma empresa, provavelmente investirá todos os seus recursos e economias. Não dá para arriscar. Com humildade, aquisição de conhecimentos novos e um foco em seus clientes é possível escapar dessa altíssima taxa de mortalidade de empresas.

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