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6 de fevereiro de 2019Sergio Luiz de Jesus
O Brasil possui algumas carências estruturais muito sérias, que impedem um maior desenvolvimento econômico e social. Uma delas, sem nenhuma dúvida, é a educação, tanto em nível fundamental, como em nível técnico e superior, focado em especial na preparação da carreira profissional.
É muito comum receber na empresa jovens sem nenhuma formação profissional ou ainda formados em Administração, Marketing, Economia, etc, que pleiteiam uma colocação, mas que não têm nenhuma idéia, preparo ou mesmo aptidão para a vida na empresa. Na verdade, por mais dura que seja a realidade, as escolas brasileiras, em qualquer nível e com raras exceções, não preparam adequadamente os jovens para a vida empresarial, o que se reflete posteriormente nos resultados comerciais, administrativos e de gestão e liderança, tão comuns nas empresas nacionais.
Não é à toa que, apesar de todas as nossas potencialidades, num ranking recente de produtividade efetuado entre 70 países, estamos na ridícula 64ª posição.
Acaba sendo inevitável que a própria empresa seja obrigada a qualificar seus funcionários, de modo a contar com um mínimo de talento e poder superar esse sério obstáculo. E, não há dúvida que a melhor forma de fazê-lo é treinar, desenvolver, acompanhar via feedback e cobrar resultados a partir dos conhecimentos transmitidos.
Efeito invisível
A premissa desse investimento em treinamento de pessoas é debelar o chamado “efeito invisível” do despreparo profissional, da falta de foco e do mau atendimento sobre a empresa. Tais fatores somados levam a apenas um resultado: falta de produtividade.
Estudos atestam de que a cada reclamação feita por um cliente, outras 12 não são formalizadas. O cliente insatisfeito apenas deixa de comprar naquele estabelecimento. Estudos adicionais indicam que o desperdício de insumos e materiais a partir da ação de funcionários despreparados chega a ser 18% maior, o que se constitui em prejuízo para a empresa. Para dar alguns exemplos:, um veículo de transporte necessitará de até 13% mais de reparos e manutenção por mau uso; 7% mais de energia elétrica será consumida e 11% mais de água será desperdiçada, 14% mais de telefone será consumido, 16% mais papel e até 23% do tempo produtivo será consumido com retrabalho, ou seja, a necessidade de refazer o que alguém fez de maneira inepta.
Algumas empresas já descobriram a imensa validade e o retorno financeiro que o treinamento proporciona, tanto que patrocinam universidades corporativas, centros de treinamento e programas de desenvolvimento de habilidades e competências, transformando-as em políticas de RH. Mas a imensa maioria opta por mão de obra desqualificada (para pagar pouco), sem a consciência de que funcionários ineptos ou despreparados causam estragos à imagem corporativa, ao relacionamento com o cliente e aos equipamentos, instalações, etc. Fora os custos para o país, com o turn over (rotatividade) e encargos sociais, como o seguro desemprego.
É um engano pensar que “os funcionários não precisam de treinamento, por que cada um sabe muito bem o que fazer”, ou então que “treinar pra quê, se o funcionário treinado acaba arrumando outro emprego”? É lamentável imaginar que alguns empresários acham que podem ter uma empresa nota 10 com empregados nota 5. . .
A realidade é que o treinamento gera motivação e empenho, qualifica a mão de obra, reduzindo re-trabalhos, desperdícios, perdas de clientes, quebra de equipamentos, baixa produtividade e ambiente de trabalho ruim. Segundo estudo de renomada consultoria, o treinamento tende a se custear totalmente em prazo médio de 6 a 14 meses, tendo em vista os bons resultados que agrega. Ou seja, é um investimento que retorna integralmente para o bolso do empresário. Afora os benefícios na imagem da empresa, que são muito superiores a cifras financeiras.
Além disso, se o treinamento fizer parte integrante do plano de carreira ou se tornar requisito para promoções, premiação por resultado e aumentos salariais, gera-se um efeito de “internalização dos conhecimentos”, os quais não são perdidos por se tornarem práticas adotadas rapidamente. Segundo o renomado Steve Jobs “o patrimônio de conhecimento interno da equipe supera em muito qualquer conceito de investimento em inovação… afinal, ela já está lá, na cabeça de cada um”.
Como está sua equipe de funcionários? Serão totalmente aptos ao que deles se espera ou estarão, no dia a dia, gerando problemas e comprometendo as operações de sua empresa?
Se a escola não prepara adequadamente, cabe à empresa qualificar, até porque as corporações efetivamente possuem um papel social e de contribuição ao desenvolvimento que vai além do capital.
Faça sua parte. Além de ajudar a desenvolver o país, você lucrará muito mais e seus clientes ficarão bem mais satisfeitos com a qualidade de produtos e serviços de sua empresa. É apostar para ver!