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Ultimamente tem aumentado o interesse dos executivos de empresas pelo tema ‘planeja­mento estratégico’. Os motivos que provocam e impulsionam esses profissionais para melhor conhe­cer o assunto provavelmente têm suas raízes em três grandes vertentes. A primeira foi o aumento da competitividade no mercado brasileiro após a abertura às importações, implementada a partir de 1990. Antes dessa época, predominava o regime protecionista de reserva de mercado que significava impossibilidade de importar quando houvesse produto similar nacional. Diversos setores, como têx­teis, calçados e informática tiveram que reformular suas atividades já que se tornaram alvos fáceis dos competidores estrangeiros.

A segunda vertente tem como premissa os bons resultados do Plano Real, a partir de 1994. Após longo período com taxas de inflação mensal de dois dígitos e acostumadas a repassar, automaticamente, aumentos de custos aos preços, as empresas, de um modo geral, estavam despreocupadas em suas zonas de conforto. Com a estabilização da inflação e submetidas à forte concorrência internacional, tanto em preços como na qualidade dos produtos, muitas empresas viram sua participação no mercado ser reduzida drasticamente, causando prejuízos e, sem preparo para competir, viram-se obrigadas a vender parte ou todo seu patrimônio.

Essa revolução no mercado ocorreu em curto espaço, e no limiar do século 21 uma nova situação estava desenhada.  Novos programas de tecnologia da informação, certificação ISO 9000 e de aumento da produtividade foram eficientemente implantados, aumentando a capacitação das empre­sas para concorrer e criando condições de com­petição internacional em áreas específicas como, por exemplo, automóveis, têxteis, calçados, aviões, agroindústria entre outras.

Finalmente, identificamos uma terceira vertente no recente aumento do risco de inflação e desaceleração econômica nos Estados Unidos, causando preocupação em todo o mundo, inclusive em países emergentes como o Brasil. Apesar de, no momen­to, contarmos com uma situação de equilíbrio na política monetária do Banco Central, mantendo a tendência de redução na taxa de juros e com o forte superavit na balança comercial, as perspecti­vas de instabilidade e previsíveis turbulências nos mercados, torna-se cada vez mais evidente que, em momentos de crise, só as empresas que praticam um adequado planejamento estratégico conseguem navegar com mais tranquilidade em mares agitados. Assim sendo, a nosso ver, os executivos das empresas identificaram a necessidade de planejar em prazos mais longos para escapar de turbulências conjunturais. O melhor instrumento para analisar a posição atual e refletir sobre o futuro é o plane­jamento estratégico, cuja sequência das atividades pode ser assim descrita.

1. Definir as características do negócio: visão, mis­são, valores e objetivos atuais.

2. Analisar o ambiente em que a empresa compe­te, identificando os fatores-chave para o êxito do empreendimento e as variáveis externas e internas que afetam estes fatores.

3. Prognosticar os movimentos futuros das variáveis externas e identificar as ameaças e oportunidades, bem como identificar as potencialidades e fraquezas provenientes da análise da capacitação da empresa, diante das ameaças e oportunidades para competir no mercado onde está inserida (matriz PFOA ou SWOT em inglês).

4. Analisar, em detalhes, o setor ou ramo de negó­cio, incluindo a identificação dos concorrentes no grupo estratégico ao qual a empresa pertence.

5.  Determinar os objetivos de curto, médio e longo prazo.

6.  Escolher as estratégias de competição a serem utilizadas e os objetivos em um hori­zonte de cinco a dez anos, quantificando e qualificando as metas e as ações estratégicas para atingi-las.

7. Elaborar um plano de ações contidas em cronograma de imple­mentação com estimati­vas dos gastos previstos por ação.

8. Identificar os indicadores de desempenho para cada ação do plano.

9. Preparar o orçamento estratégico com projeções de resultados ano a ano, fluxo de caixa ope­racional e calcular os retornos dos investimentos, payback, valor presente líquido dos fluxos de caixa e investimentos, como também a taxa inter­na (TIR) de retorno com base nas projeções de resultados.

10. Estabelecer planos de contingência para eventu­ais ocorrências fortuitas.

A seguir terá início a implantação, pelos res­ponsáveis, para concretizar os planos de ações e controles dos cronogramas previstos. Essa fase tem apresentado problemas por esbarrar na neces­sidade de mudanças nos comportamentos das pes­soas. Chamamos esta fase de gerenciamento estratégico na qual substituímos antigos e anacrônicos sistemas de gestão pela incorporação de um novo olhar sobre a forma de administrar os negócios, e que incluirá o pensar estrategicamente. Trata-se de mudança de cultura substituindo paradigmas supe­rados e assimilando uma nova forma de realizar os trabalhos. As eventuais barreiras precisarão ser removidas. A alta administração da empresa, seus gerentes e supervisores, conscientes da necessidade de mudança, estimulam todas as equipes a assumi­rem as ações estratégicas como imprescindíveis ao êxito da empresa.

Finalmente, o prazo necessário para que o planejamento seja completado, depen­dendo do tamanho da empresa, poderá levar de três a seis meses. O ponto crítico é a quantidade e qualida­de de dados e infor­mações já existentes e a serem obtidas. Cabe lembrar que o aprimoramento das análi­ses e das informações ocorrerá nas revisões anuais a partir do ano da implantação. Assim, eli­minamos o ano em curso e acrescentamos outro. Reconhecemos tratar-se de um programa que requer conhecimen­tos e grande dose de competência, mas que, seguramente, levará a empresa ao êxito.

Resumindo

Após a abertura do mercado brasileiro à con­corrência internacional, o êxito do Plano Real no controle da inflação e a queda das taxas de juros, cresceu o interesse dos executivos de empre­sas pelo tema. A concorrência fez com que as empresas reformulassem os procedimentos para planejar suas atividades no longo prazo. A imple­mentação do planejamento requer alterações nas atividades atuais, introduzindo novos objetivos, metas e planos de ações. Surgem algumas bar­reiras a serem superadas. Empresas de sucesso têm obtido ótimos resultados graças à utilização dessa nova técnica de gestão empresarial.

Fonte: VENCER! – Ano VIII Nº 94 – Pág. 40 e 41.

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